domingo, 14 de junho de 2015




" PECADOS CAPITAIS "



Sorvo arrobas, inteiras lavouras.
Ando regado a adegas.
Escoro-me em cantos, cansado de nada.
Vivo deitado em cima de um monte de grana.
Montante acumulado com o tempo.
Tratado com esmero e que eu não gasto.
Nem mesmo com as orgias em que me envolvo.
Enfureço-me por pouco.
Quebro tudo por nada.
Ando ereto, sempre com o nariz empinado.
Pois sei que sou melhor do que qualquer pessoa.
Desejo o alheio, a mulher do vizinho.
Tudo aquilo que o outro conquista.
Reluzo em beleza, enfeito o mundo.
Sou Narciso por Natureza.
Não divido, nunca pago.
Engulo tudo aquilo que posso, mesmo a seco.
Cultuo o perverso, consumo o profano.
Desde que não me canse muito.
E ninguém me cobre.





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